segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Isto só video...

Ontem assisti a um episódio que é cada vez mais normal no nosso dia a dia, mas que a maioria das pessoas nunca presenciou. Como eu. Ouvi um carro a travar bem a fundo. Olho em frente, na direcção do barulho, e vejo um homem já entradito a correr como um louco no meio da estrada. De repente deixo de o ver. O carro que vinha a travar apanhou-o, o homem deslizou pelo capot até chegar ao pára-brisas que ficou rachado de cima a baixo. Quando o carro finalmente pára, o homem é projectado uns bons metros até aterrar de costas e nuca no chão. Ora, até aqui tudo bem. Ou não. Mas o que realmente me espantou foi a reacção das pessoas, quer as envolvidas no acidente, quer as que o testemunharam. A reacção do homem atropelado foi deixar-se ficar sentado no chão com as mãos na cabeça. A reacção do condutor foi levantar as mãos no ar e chamar filho da p}t@ ao homem atropelado. A reacção de algumas pessoas ali à volta foi chegarem-se bem perto na esperança de verem sangue a jorrar, ossos partidos ou alguma parte do corpo do filho da p}t@ espalhado pelo chão. A reacção de outra testemunha foi puxar do telemóvel, mas na vez de ligar para o 112, começou a tirar fotografias ao filho da p}t@. Outro, mais perto de mim, lembrou-se de dizer algumas palavras de conforto ao filho da p}t@. Ouvi-o a dizer "mas o palhaço de velho não viu que o sinal estava vermelho?". Não ouvi mais nada porque entretanto o homem chegou perto do palhaço e ficou lá a falar com ele. Certamente a dizer mais algumas palavras de conforto. 2 conclusões. Até podem existir mais, mas não em apetee pensar muito nisso. 1ª) o pessoal idoso é mesmo maluco. Sinais e passadeiras não são com eles. Eu próprio, a conduzir, já ia levando alguns à frente, mas no ultimo segundo os gajos desviam-se. É só para assustar o pessoal que conduz. Malucos. São um perigo. 2ª) é sempre bom saber que podemos contar uns com os outros nestas alturas de extrema necessidade. Se virem alguém ser atropelado ou a sofrer qualquer tipo de acidente, lembrem-se: Chamar o 112 já não se usa. Ver se podemos ajudar já deu o que tinha a dar. Tirem mas é o máximo de fotos possiveis, cheguem-se bem perto para serem os primeiros a ver sangue no chão, ou chamem nomes à pessoa que estiver em piores condições no meio dessa situação toda.Mas não pensem que eu sou perfeito. Muito longe disso. A minha reacção foi ficar parado a olhar para a multidão que se formou à procura de sangue, a tentar perceber se alguém tinha ligado para o 112. Eu próprio podia ter ligado, mas ficava mal. Como por acaso até estava ali a passar um carro da policia, lá foi chamada uma ambulância. Teve sorte, o homem. Já agora, as suas melhoras.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, meu, vivemos uma época estranha! Não sei que raio se mete na cabeça ao pessoal mais idoso para se meter à toa, no meio da estrada, mas é o que acontece. Já presenciei e continuo a presenciar quase todos os dias. Para eles, não há sinais, nem passadeiras. Como? Porquê? Que raio se lhes mete na cabeça? Que têm 15 anos e que conseguem fugir aos carros?
E depois, esta falta de vontade em ajudar..
Ok, o homem cometeu um erro e já estava a pagar com o corpo, certo?
Bom, nem vou comentar mais... Tudo isto me faz muita confusão...

Anónimo disse...

A imagem é muito importante. A captação de imagens é vital. Acho que todos queriam ser os primeiros a pôr as fotos na Net. Só podia ser isso.