domingo, 9 de novembro de 2014

Interstellar

F#$%-se!
Mas atenção, que há vários tipos de f#$%-se: há aquele que é "f#$%-se, que grande filme!", há o "f#$%-se, que treta de filme", há o "f#$%-se, não percebi nada do filme mas havia grandes cenas de acção". E há o "f#$%-se, vi o Interstellar, e mesmo não tendo pago bilhete nem pipocas, fiquei num tal estado de ansiedade por o filme nunca mais acabar que nem comi as pipocas todas". E não comer as pipocas todas é algo que, em mim, diz muito. Porque, ou as pipocas são doces e por isso mesmo nem lhes toco, ou há um grande motivo para não conseguir mandar abaixo um balde grande de pipocas salgadas. E lá está, houve um grande motivo: Interstellar.
F#$%-se.
Faz lembrar Solaris, que na altura era um filme muito esperado apenas e só por ter George Clooney no papel principal. Já lá vão 12 anos e ninguém me consegue convencer a voltar a perder hora e meia da minha vida a ver algo que não se percebe. Não vi o Gravity, porque também era passado no espaço e também tinha o George Clooney. E vai daí, por me pagarem o bilhete e pipocas, convenceram-se a perder mais de duas horas da minha vida a tentar perceber a história de Interstellar. Ok, o planeta Terra está a matar-nos e temos que procurar outro planeta para morar. Até aqui percebe-se, cenas apocalipticas e assim. Mas depois disso, buracos negros, conversa tão tecnicamente inventada que não se percebia nada do que era dito, imagens de naves e satélites bem dignas da Star Wars, nos longíquos anos 70, e uma Anna Hathaway que por si só me faria saltar para dentro dum buraco negro para ir ter com ela, mas que tinha um corte de cabelo e uma carantonha tão estranha que parecia que ela própria tinha passado uns dias dentro dum buraco bem negro.
Também faz lembrar Sinais, com Mel Gibson. Apenas por ser um filme do M. Night Shyamalan já dá para perceber que não será grande espiga, mas até nem começa mal e aguenta-se até aparecerem os malfadados aliens. Em Interstellar, a história aguenta-se por um fio até ao momento em que se lembram de viajar para o espaço. Aí, o fio rebenta à velocidade da luz.
Não é normal sair do cinema sem conseguir começar a dissecá-lo: o que gostei, o que achei da mensagem que passava, etc. Mas neste, não. Saí do cinema, meti-me no carro, vim para casa, e só voltei a falar na manhã seguinte. E foi para dizer "f#$%-se".

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