sábado, 27 de agosto de 2011

Música portuguesa

Embora nunca tivesse visto Susana Félix e Mafalda Veiga ao vivo, e apenas tenha visto João Pedro Pais uma vez e imensas vezes o Jorge Palma, por serem desde há algum tempo para cá alguns dos mais sonantes nomes da música portuguesa, com algumas das canções mais comerciais e de sucesso que se ouvem diariamente e também pelas fantásticas letras que mesmo as menos conhecidas têm, sempre pensei em João Pedro Pais e Susana Félix, dentro do seu próprio quadro e registo sonoro, como sucessores naturais de grandes nomes como Jorge Palma e Mafalda Veiga.
Aliás, Jorge Palma e Mafalda Veiga já cantaram juntos, Mafalda Veiga e João Pedro Pais também, Susana Félix e João Pedro Pais têm umas músicas que resultaram muito bem, Jorge Palma participou em músicas João Pedro Pais e vice-versa. Só falta mesmo Jorge Palma e Susana Félix, embora Mafalda Veiga e Susana Félix só tenham trabalhado juntas em músicas compostas pela primeira e cantadas pela mais nova, tendo esta também participado em coros de Mafalda Veiga. Um pouco confuso, mas é isto.
Esta semana vi Mafalda Veiga e Susana Félix. E se ia com imensas expectativas para a primeira, estas dissiparam-se com um concerto entediante e tão pobre em interacção com o público como no som - posso não conhecer muito dela, mas foi impossível cantar as que conheço. Talvez o ar de pãozinho sem sal que ela tem desapareça em coliseus. Não sei, nunca vi, dou a mão à palmatória mas tenho ideia que não tentarei confirmá-lo.
Já Susana Félix, que até tem umas variações nas suas músicas, desde as mais calmas que parecem não resultar em concerto até às mais mexidas e que tanto a fazem puxar, e muito bem, pela sua magnífica voz, fez-me chegar comedido nas expectativas iniciais mas a sair de Cascais embasbacado. O teatro amador, a ginástica e a experiência em coro ajudam, sem dúvida nenhum, a dar espectáculos como o que assisti ontem. Fenomenal, cheia de energia, a puxar sempre por um público que inicialmente estava cheio de frio e distante, acabando em imensas palmas a pedir "só mais uma" - foram mais três! As músicas novas, que não conhecia, ficaram no ouvido; as conhecidas, tocadas em versões mais pop e apoiadas por uma banda bem-disposta e que gosta do que faz. Como ela própria, com um sorriso a fazer lembrar Tim Booth, já nos seus 51 anos e tipo criança feliz.
Para o próximo fim de semana, verei pela segunda vez João Pedro Pais, e é difícil não ter as expectativas altas. O concerto a que já assisti, as suas músicas que nos fazem mexer, sejam baladas ou mais viradas para o rock, e as excelentes letras assim o obrigam. Logo o direi.
E se uns são sucessores dos outros ou não, sinceramente não sei. Mas todos têm excelentes letras, excelentes músicas e à sua maneira gostam imenso do que fazem. Gosta-se mais de uns do que de outros, e gostos não se discutem.
E viva os concertos à borla.
Viva a música portuguesa - aquela cantada em português - que está tão em alta. Continuem a fugir do facilitismo encontrado em compor em inglês, e olhem para estes 4 artistas e outros mais como Paulo Gonzo, Rui Veloso, Klepht, Amor Electro ou Virgem Suta.

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