É de manhã que começa o dia...

O metro ainda vem lá longe e já o pessoal se empurra para serem os primeiros a entrar. O metro chega, o pessoal entra e só depois é que os coitados que querem sair o podem fazer, se tiverem a sorte de chegarem às portas antes que estas fechem, ou antes que alguém se lembre de se meter no meio do caminho a olhar para o lado como se nada se passasse.
Também podem ter a sorte de impedir que as portas se fechem, e aqui a sorte não é por conseguirem sair do metro, e sim por não ficarem cortados ao meio. É que as portas dos metropolitanos antigos eram cá de uma pujança que eu próprio cheguei a experimentar levar com uma em cada ombro, o que desde já informo, não foi de todo agradável.

Voltando à nossa história.

O pessoal entra no metro e é ver quem consegue sentar-se primeiro, independentemente de termos por perto alguma grávida ou algum deficiente ou algum velhinho. O metro chega ao seu destino, e ai é ver o pessoal a querer ser o primeiro a sair, como se ao serem os primeiros ganhassem uns biscoitos ou alguma coisa assim.

Depois de sair do metro, há que sobreviver às escadas, onde há sempre alguém que se esbardalha por ali abaixo, ou perde um sapato, ou apenas começou a chocar uma trombose e de repente pára a meio da subida, o que leva os mamelucos que vêm atrás a mandar umas valentes cabeçadas nos costados desses tromboparvos.

Há ainda a necessidade de conseguir passar pelas cancelas, onde os passes nunca são lidos à primeira. Ai, é ver o pessoal todo a meter-se à frente uns dos outros para tentar todas as cancelas até finalmente conseguirem sair dali para fora. E como não podia deixar de ser, a maioria ainda experimenta acordar apenas no momento em que as portas das cancelas ganham vida própria e se lembram de nos ajudar a expelir o ar dos pulmões levando com elas a todo o comprimento da caixa torácica.

Já estamos em Setembro.

Ainda há muitos putos que não começaram o novo ano escolar.

Mas já tinha saudades do BBC Vida Selvagem logo pela manhã.