Dinheiro não traz felicidade? Ultimamente tenho pensado de forma diferente... Penso que se tivesse um pouco mais de dinheiro, poderia ter uma vida muito melhor, não só a nível material, mas também psicológico. Mais uns (muitos) trocos poderiam trazer a felicidade ao comprar uma casa longe de vizinhos incomódos, longe de zonas menos seguras, com um lugar só meu para estacionar o carro, e já agora com uma zona verde bem bonita e calma para ajudar a passar um belo fim de semana descansado. Ajudaria também a concretizar a viagem de sonho que todos temos, uma ou outra excentricidade, enfim... uma série de coisas...
Mas cada vez que se vê o telejornal, com tanta desgraça, temos é que nos dar por muito contentes por termos uma casa com vizinhos mal-educados numa zona que não se percebe se é segura ou não e onde é impossível estacionar o carro, um trabalho onde há vários anos não se sai da cepa torta e se recebe pouco para o que fazemos, e saúde para viver o dia-a-dia, mais ou menos monótono. Tanta gente a quem a nossa vida (que achamos monótona) já seria uma excentricidade e uma grande riqueza.
Depois há aqueles que parecem ter tudo e que, de um momento para o outro, perdem o que é mais importante: saúde, amigos, familia, a própria vida. Logicamente não falo de palermas tipo Paris Hilton, Lindsay Lohan ou Britney Spears, entre muitos outros totós. Esses nem merecem que pensemos neles. Falo de gajos que o pessoal admira, inveja. Verdadeiros idolos da pequenada, e já agora de gente mais crescida. Eu, como grande fã de wrestling e de todo o enredo criado pelos escritores da WWE, fiquei chocado com a trágica notícia do Chris Benoit. Um homem que há mais de 20 anos andava nisto, não era nenhum puto (40 anos...), tinha dinheiro, uma familia, imensos fãs... e de um momento para o outro, é encontrado morto em casa com mulher e filho. Mais, pensa-se que os assassinou e depois se enforcou. E pensamos se o dinheiro traz felicidade. E sinceramente, quanto mais penso, mais longe estou de uma conclusão. Ajuda a ser feliz? Bastante. Ao ter dinheiro e fama, somos felizes? Nem sempre. Ter muito dinheiro é bom? Para mim era óptimo! Mas se sempre o tivesse, teria cabeça para o gerir e ser feliz? Ajudaria outros a serem felizes? Entrava em parafuso e fazia uma asneira tremenda, algo assim tão trágico? Se de repente me saísse o Euromilhões, mudava a minha maneira de ser? Acho que não. Acho. Certezas nesta vida, só uma: um dia acaba. O Benoit tomava drogas? Esteróides? Era violento? Alcoólico? Terá sido ele? Uma coisa é certa: os seus fãs estão em choque. Pela perda e pelo receio de descobrirem que ele não era o que parecia, um tipo simpático que apenas lutava por prazer e amor à profissão. Estou confuso. Eles são grandes actores e grandes atletas. Podem não ser o que parecem. Podem parecer muito felizes. Podem ter tudo. Talvez não tenham nada. Estou mesmo muito confuso. Esta vida é muito tramada. E este blog está a ficar muito sério. Acabemos este artigo por aqui, pois fico na mesma. Só espero que o Benoit, pela sua profissão e pela alegria que dava a tantas crianças, a sua mulher e o seu filho, inocentes assassinados, e todas as outras familias que conhecem fins trágicos possam descansar em Paz.
1 comentário:
Aquilo que se passou com o Benoit, ficará sempre dentro daquelas quatro paredes. Cá para fora, só passam o choque, as perguntas e a desilusão.
Ele parecia ter tudo para ser feliz e era um ídolo para muito, pequenos e graúdos. Mas como era ele na verdade? Também nunca o saberemos, porque ele era um actor e nós só o víamos a actuar.
Nós nunca saberemos se o Nitro é mesmo convencido e mal disposto ou se é a sua máscara, se o Jeff Hardy é mesmo simpático ou se só cumprimenta o público porque a sua personagem assim o pede, se o MacManon Júnior é mesmo assim altivo ou se na verdade é uma pessoa humilde.
Nunca saberemos se o Kennedy se está mesmo a cagar para o público, ou se é simpático e divertido. Nunca saberemos se o Carlito é desequilibrado, para tão depressa estar no lado dos realmente cool como a dar porrada em velhadas e na ex-namorada.
Nunca saberemos nada disto, porque eles vestem e muito bem as personagens pelas quais ficam conhecidas.
Mas o verdadeiro eu, seja deles ou de qualquer outra estela da música, do cinema, etc, nunca é conhecida.
E nem é preciso ir muito longe, porque às vezes nem conhecemos o verdadeiro eu da pessoa com quem trabalhamos lado a lado há não sei quantos anos.
Já os gregos diziam que nós temos várias máscaras, que vamos usando ao longo da vida e de cada dia. Máscaras de profissionais, de pais, de filhos, de vizinhos, máscaras de tudo, para cada altura do dia, para cada situação. Não deixamos de ser nós mesmos, somos até tudo isto ao mesmo tempo, mas usamos uma máscara específica para cada situação.
Por exemplo, aqui és o Piroja, eu sou um tal Bloom, mas quem somos nós fora daqui? Expressamos da mesma maneira cá fora as opiniões que deixamos aqui dentro? E, no entanto, aqui ou noutro sítio, não deixamos de ser filhos de alguém, talvez pais, colegas de alguém, vizinhos, profissionais, amigos, etc. Mas deixa lá, isto da filosofia é complicado.
De qualquer modo, esta situação do Benoit é chocante em vários aspectos.
O que leva um homem bem sucedido e aclamado pelo público mundial a acabar assim com a vida? O que lhe faltava?
Se se queria suicidar, porque motivo matou a família? A vida conjugal e familiar era pesada? Era difícil? Terá discutido com a mulher? Teria sido premeditado?
O que leva um homem, famoso ou não, a matar a família? A mulher e o próprio filho, uma criança inocente?
Matou a mulher num momento de fúria e, no dia seguinte, como parece ser o caso, quando o filho acordou, não aguentou ter de dizer que tinha matado a mãe e assim deixar de ser o herói do pequeno?
Teve um momento de alucinação e matou a família e, ao dar-se conta do que tinha feito, matou-se?
Ficam muitas perguntas no ar.
E fica também uma certeza. Um único momento de falta de lucidez pode estragar para sempre uma longa carreira de sucesso. Sim, porque o Benoit tinha sucesso. Mas, após o que aconteceu, a WWE está a disfarçar os seus registos. Compreendo, é chocante, estava um louco latente no meio de todo o espectáculo a ser aclamado, a ser vendido ao público. Eles não podem mostrar compaixão, pena ou seja láo que for, porque estarão a compactuar com ele. o Público pode interpretar mal e pensar que estão a apoiá-lo.
Fez o que fez, que possa encontrar agora paz no sítio onde está, já que parece não a ter tido em vida. Mas não apaguem os momentos do grande atleta que foi, até isto se passar. Independentemente da forma como acabou, foi importante para o espectáculo.
Paz à sua alma, à da mulher, à do filho, à de todas as famílias que acabam assim estupidamente e também paz também àqueles que lhes sobrevivem e terão de viver até ao fim com o desgosto, a desilusão e as perguntas.
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