Antes do Clássico, estive no Liceu Camões para assistir à actuação do meu afilhado no recital de Natal da escola de música.
Enquanto esperava pelo início do espectáculo, dei um passeio pelo Liceu e relembrei com muita nostalgia os 3 anos em que ali estudei, do 7º ao 9º ano de escolaridade.
Os gabinetes de Física e de Química, onde tive duas das disciplinas que mais detestei.
Os gabinetes de Ciências Naturais e de Biologia, onde tanto nos divertíamos com os exercícios apresentados pelos professores.
O corredor escuro, que liga o pátio norte ao pátio sul, por onde ninguém gostava de passar com medo dos alunos mais velhos, que faziam esperas na porta que dava para as salas de Religião e Moral.
As restantes salas de aula, frias, enormes, com as suas tábuas a ranger, com as janelas estragadas.
O campo norte - agora transformado num parque de estacionamento - onde tive tantas aulas de Educação Física, para jogar futebol humano e futebol de 11 (campo onde, aliás, marquei o meu 1º golo num jogo de futebol). Esse campo norte, onde passei as últimas horas do 9º ano a ouvir Mamonas Assassinas, com um grupo que era bastante unido e que chorava por saber que seria inevitável a separação para escolas privadas ou outras escolas públicas longe dali.
Os campos de tartan, hoje cheios de ervas, onde participei contrariado num torneio de andebol, acabando por ser expulso em 2 de 3 jogos (estive suspenso no outro jogo).
Andebol que aprendi a detestar, muito por culpa da "injecção" dada por uma professora chamada Fá, treinadora da equipa de andebol do Liceu Camões, que ainda venceu alguns torneios e campeonatos femininos.
Os ringues onde se jogava futebol com bolas de papel, deram lugar a um moderno auditório (do lado norte da escola) e a um pavilhão com excelentes condições para o andebol, futsal, voleibol e basquetebol (do lado sul).
Hoje, o único ginásio que existia no meu tempo chama-se "ginásio velho", e continua exactamente na mesma, com o mesmo palco ligeiramente inclinado para a frente, com os mesmos cestos para a prática dum desporto chamado Korfball, os mesmos bancos encostados em cada parede, as mesmas portas escritas a caneta ou riscadas com canivetes e navalhas, exactamente da mesma forma como eu o fazia há 13 anos atrás.
A enorme biblioteca, dividida entre um espaço audiovisual e o cheiro a papel velho, dos inúmeros livros ali expostos.
A estátua de Luís de Camões, tantas vezes gozada pela forma como a sua mão direita foi construída, como se convidasse o aluno mais engraçadinho a colocar-lhe uma ponta de cigarro entre os dedos.
Hoje, assim como há tantos anos, passeei por cima dum tapete enorme de folhas caídas das árvores de cada pátio, e relembrei os colegas, os professores, as alegrias e angústias que ali passei.
E sorri ao olhar para um quadro de antigos alunos, hoje ilustres figuras da praça pública, onde entre outros está o grande Jorge Palma - claro.
100 anos de Liceu Camões.
3 anos espectaculares da minha juventude.
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